sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
CURSO: A musicalização como processo terapêutico, preventivo e efetivo na educação.
Professora: Roseli Silva Oliveira.
Apresentação:
Durante algum tempo, fala-se muito sobre a musicalização infantil como parte do currículo escolar e planejamento anual de muitas instituições de ensino, porém, pouco se fala, sobre a forma de aplicação ou os reais motivos para que se mantenha esse tipo de "disciplina" na grade curricular dessas instituições, mesmo até, em se tratando de escolas de música. Muitas vezes, a musicalização nessas instituições escolares, é apenas parte recreativa do período escolar, sem maiores significados ou resultados, o que, infelizmente, não nos dá outra saída, se não buscarmos formas de atuar por meio da informação e estruturação de novos planejamentos, com bases mais sólidas. Os profissionais de recreação devam ser reciclados em cursos de arte, como música, teatro, dança, fotografia, além da graduação em pedagogia, para que tenham um leque maior de significados, argumentos e autonomia para aplicar tais disciplinas. Apesar de os profissionais da recreação, serem os mais mal pagos nas escolas, são os que mais podem atuar junto ao desenvolvimento global e sistêmico do indivíduo. Um recreacionista interage de forma a vincular-se com a criança, porque o lúdico atua de uma forma simples, objetiva, imediata e eficaz do ensino, seja ele, em qualquer aspecto ou departamento, portanto, esse tipo de profissional, também atua como ministro da afetividade e deslocamento de novos significados de acesso primordial ao desenvolvimento humano.
Aproveitar essa condição de ministro de fácil acesso à educação deve ocupar um lugar de destaque nas instituições, desde que esses profissionais, busquem se reciclar e interagir para que a pedagogia possa fazer valer seu real significado. Fala-se muito em reciclar os pedagogos, e profissionais da educação de uma forma mais elitista, se esquecendo de que os profissionais da recreação atuam muito mais como pontes para fazer melhor acontecer a educação. Atualmente, esse tipo de profissional também precisa ser graduado, porém, a graduação em pedagogia, não dá condições artísticas de exercer com mais autonomia, essa recreação. Um exemplo claro é como os profissionais atuam nas escolas, quando oferecem música para que as crianças cantem durante o lanche, após o lanche, quando estão na fila para escovar os dentes, ou quando estão na hora do intervalo, ou ainda, próximo à hora de ir embora. Outros profissionais, para que o tempo não sobre sem nada a fazer, aplicam qualquer música, sem pensar do que ela é capaz. O que esses profissionais têm em comum, é que a maior parte deles, não presta atenção no que as crianças expressam quando cantam, suas feições, sua expressão corporal, oralidade, se compartilham com os amigos seu canto, ou se não cantam, se tem objeções, timidez, se choram, se gritam, etc... A música não deve ser entendida como um instrumento para amenizar bagunça ou eleger apenas mais um momento recreativo sem nenhum significado, porque se isso acontece, perde-se um rico momento de aprender, ao mesmo tempo em que se perde também, um emaranhado de informações internas sobre cada criança quando cantam.
Essa expressão musical é de suma importância, porque desenvolve a criatividade, promove a autodisciplina, consciência rítmica e estética, desenvolve a imaginação porque desperta as faculdades criadoras, a lógica, pois, a música é pura matemática, além da criticidade e o poder de argumentação, a afetividade através dos sons, memória visual, auditiva e fazer com que o senso de recreação seja um momento de expressar-se de todas as maneiras, interagir com reações humanas, e não apenas de interagir superficialmente. Estudos comprovam que o estímulo musical, dentro de exames de tomografia por emissão de pósitrons, e ressonância magnética, tem revelado imagens cerebrais, às quais nos beneficiamos de seus resultados sobre o comportamento neurológico. Através desse tipo de estímulo, o cérebro processa em circuitos distintos a percepção, o processamento e a execução para tocar uma música, e, portanto, requer múltiplas funções cerebrais: audição, ritmo, timbre, cognição, linguagem verbal, coordenação motora, emoções, ampliando os conhecimentos sobre a integração cerebral da capacidade de percepção e atividades comportamentais complexas. As respostas ao estímulo sonoro e musical revelam importantes reações mentais que se aplicam às terapias em pacientes com distúrbios de naturezas variadas, mas principalmente, os com distúrbios neurológicos e psiquiátricos.
A cada novo estímulo musical, o cérebro de organiza de forma a coordenar todas as operações mentais e, portanto, interfere na plasticidade cerebral, favorecendo as conexões entre os neurônios na área frontal cerebral, onde estão os processos de memorização e atenção, além de acentuar a comunicação entre os dois lados do cérebro e por isso, podemos explicar a sua relação com a lógica matemática. Devemos ressaltar que os seres humanos, aprendem, ouvem e fazem música desde tempos remotos. Os sons da natureza, para expressar guerra, cultos indígenas, para atrair animais, cantigas de ninar para bebês antes mesmo de nascerem, faz com que a música seja algo muito presente e nós, seres humanos cheios de ritmo em tudo que fazemos: nas batidas cardíacas, nos passos ao caminhar, no balanço dos braços ao caminhar, mastigação, fala, respiração, funcionamento dos intestinos, etc.
Assim, como a música desempenha o papel global de nosso desenvolvimento, não podemos deixar de citar, o lado psíquico com o qual ela atua, construindo relações de afeto, através de determinadas músicas, tornando-se permanente. De uma maneira coletiva e social, a música transcende a grupos com gostos idênticos à estilos musicais, associados à experiências similares, compartilhando essa identidade musical, atribuindo valores afetivos também similares. O afeto é, portanto, uma importante ferramenta para mobilizar o afeto, dando-lhe um significado ou um re-signficado, através da música. Assim sendo, o hipocampo e o córtex frontal, responsável pelas “memórias emocionais”, são os responsáveis pela produção e liberação da dopamina, noradrenalina e dos neurotransmissores juntamente à outras estruturas cerebrais, podendo, por exemplo, servir de terapia à depressão, ou prevenção de angústias relacionadas à um determinado som, acorde ou até mesmo, quando um determinado som, música, é associado à um acontecimento doloroso ou feliz e assim, poder expressá-lo de alguma maneira, tratá-lo, ou , estar atento aos resultados que ele pode fabricar.
O som como energia que vibra, tem o poder de agir no cérebro para ajudar ou atrapalhar uma pessoa, criando memória para cada experiência com a música vivida e relacionando para sempre em sua vida, tais experimentos. Por isso, é tão importante que os profissionais sejam realmente capacitados. Assim, eles podem ter autonomia suficiente para criar situações onde a musicalização seja de fato, significativa e positiva, colaborando para o desenvolvimento profundo dos indivíduos. Existem muitas formas de atuar com a música, mesmo não sendo profundos estudiosos dela. Um exemplo são as notas pretas e as brancas de um teclado ou piano. As notas pretas podem ser chamadas de “notas tristes” porque estão entre duas notas harmônicas e as notas brancas, podem ser chamadas de “notas felizes”, porque vibram notas harmônicas. Esse conceito de Harmônico ou Desarmônico é de fácil entendimento sem muita explicação ao ouvirmos os sons das notas acima citadas, porque faz parte da compreensão afetiva. Se ao tocarmos essas notas, pedirmos para que os indivíduos expressem algum acontecimento à que elas remetem, eles poderão contar muitas experiências positivas ou negativas e assim, poder tratar cada uma delas, buscando um outro significado através do autoconhecimento. Descobrir para aprender a manipular positivamente, qualidades, virtudes, valores, através das notas musicais, das músicas, é manipular a afetividade e o conceito de vida de cada um, e isso pode ser uma poderosa fonte de intervenção, prevenção ou desenvolvimento para ampliar a autonomia e as habilidades em todos os sentidos, amenizando doenças, curando outras, e prevenindo muitas mais.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online.
http://www.portaleducacao.com.br/
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